O meu sorriso é negociável,
A pele com febre, o suor, as lágrimas,
As modificações do dia a dia.
Sinto saudades do meu livre arbítrio,
Das minhas aspirações futuras,
Dos meus segredos mais secretos,
Da minha inconstância juvenil.
Eu sou hoje previsível como o trem de Londres,
Sou cotidiano e facilmente decifrável,
Já vai muito longe os meus impulsos desconhecidos,
Estou hoje domesticado,
E minhas mãos já não têm coragem de segurar as
barras de ferro.
Há algo em mim que ainda se rebela num esforço
inútil,
Olho-o de lado com indiferença, passo de largo por
ele.
O que resta ainda de genuíno em mim?
Talvez uma fotografia antiga, uma lembrança, uma
música,
Um pedaço de roupa achado por trás do sofá da sala.
Me deixei de lado, segui um modelo ( o primeiro que
apareceu),
E tantas coisas minhas foram curadas com o tempo,
ajustadas, lapidadas,
Torcidas e amassadas para caberem no ideal de
conduta, que fica difícil me reconhecer nesse de agora.
Passam agora por mim tantas pessoas, carregam nas
costas suas juventudes...são livres,
Carregam seus sonhos nas mãos; passam apressadas por
mim no meu caminho de volta.
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