quarta-feira, 20 de junho de 2007

porque fui te encontrar naquele dia?
Porque, se vivia feliz e se sorria.

Vieste envolta em àguas turbulentas
turvando tudo em seu caminho
E me encontrando assim, sozinho...
Furtou sem compaixão a minha paz

E assim como chegou partiu
Rápida, súbita, de repente
Sem se importar que aqui fiquei tristemente
No desejo incontrolável de um vício

Levaste contigo a forma, a cor e os meus sonhos
E neste dia o meu templo desabou
Ando vago, ermo, sou tristonho
Naquele dia meu sorriso me deixou.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Vence essa força estática que te domina
ultrapassa o obstáculo assaz que te constringe
Ó ser lívido, com medo do futuro

Corta as tuas ilusões pela raiz
foge já, desse deserto de idéias
fareja o ar como um animal treinado

Mesmo que o teu plano esteja todo errado
Mas tenta, persiste, busca a perfeição
E não adianta essa ilusão
enterrada num terreno infértil

Tu és parte de um círculo infinito
abençoado pela eternidade
Aproveita então tua mocidade
E solta de vez o teu profundo grito

Dá a tua alma essa paz, esse alívio
E comfortado por um prazer ubíquo
Segue os bons exemplos do passado

E na certeza do dever cumprido
Vê o teu nome escrito de verdade
nas páginas douradas da eternidade.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Renovação

Na terra e no espaço infinito
Ouço sempre, incessante, o mesmo grito que diz:
Que da inércia me afaste sempre;

É míster que distante das almas estacionadas
Busque o bebedouro pra matar a sede
Atávica, de tempos inimagináveis

Que as catedrais e os templos que em mim construi
Possam ter uma renovação constante
E eu possa levar esse plano adiante
E até em sonhos esse plano eu vi

Nesse marcha eterna a brandir os gládios
Uma vitória é o caminho pra outra vitória
E nunca, jamais, nesta história
Cesse a alma de querer sempre mais

O amanhã vence sempre o hoje
E nessa verdade encontro o ponto exato
Algo entre o bemol e o sustenido
eis a revelação que o mundo me trouxe

E na promessa de um arrebol divino
Surge em mim um sorriso de menino
Ao perceber que o saber não acaba

E mesmo quando eu deixar de existir
Alguém há de querer saber de mim
perpetuando assim a renovação da alma

W.O.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Vazio, solidão...esquecido de mim mesmo;
Como um rei destronado, um viajante sem rumo, procurando no silêncio uma resposta, às vezes, nem a pergunta eu sei.
A incerteza e busca por uma causa, por uma senda, pelo conhecimento do eu.
cada dia é uma tortura, uma saudade de ontem, tento em vão recuperar o tempo, tento e não consigo,a luta não parece justa, luto contra forçãs invisíveis;Sinto que minhas forças se esgotam e apesar da pouca idade me sinto velho, a apior velhise, com certeza, deve ser essa; De perceber no espelho a juventude e sentir no espírito o ócio dos velhos.
Hoje, o presente não me anima e o futuro me deixa triste.
Melancolia! Estende sobre mim tua asa...
Mas ainda há uma coisa que pode me deixar com esperanças...A promessa de cada arrebol, o dia que depois de cada noite vem surgir e configura uma nova chance para esse mundo; e quando da minha memória nada mais exister, quando o pó, talvez, minh última herança rodear em volta do orbe, Ainda aí um novo espírito inconformado como o meu, uma nova alma incerta, seja publicando versos, seja cantando, não importa; Quando essa alma se manifestar de alguma forma, aí então ainda estarei gritando que mesmo em pó continuo incomformado.

quinta-feira, 22 de março de 2007

"No último momento"

No último momento você me sorriu
E só então percebi sua intenção
Que era igual a minha já antiga
De trazer você pra minha vida

De te falar de planos e segredos
Perder toda a vergonha e declarar
Que já não consigo controlar
Que já não depende só de mim

Agora, Te sinto aqui, bem perto
Seus pensamentos são iguais aos meus
Vejo um sonho distante ser meu

E se agora tenho coragem e decido
vejo você levantar num sorriso
No último momento me dizendo "Adeus"

W.O.

terça-feira, 6 de março de 2007

Devaneios

Nas faces estranhas, à noite, percebo indiferença;
É triste caminhar sozinho, É muita solidão quando restou só você.
Vivo assim...Como se estivesse em uma sala,
em que todos estão sentados e só eu de pé;
Caminho pelas ruas e escuto os sons dos meus própios passos
e não sei de onde venho, nem aonde vou...
Tudo é deserto, o mundo que eu queria não é esse,
o meu mundo é só de sonho;E nesse deslocamento temporal, dirijo-me sofregamente
para o meu destino;A incerteza é minha companheira.

Já não sei ao certo se cumpro o meu desejo, ou se sou levado
Pela idéia vigente;

As respostas todas me parecem tão distantes, os caminhos inacessíveis,
As alegrias do mundo turvam a minha vista.
Nessa tempestade de devaneios e solilóquios,
busco refúgio no meu íntimo, nos meus pensamentos...
E encontro, mínima, tísica, tênue, ainda um resto de mais solidão.

"Os versos que te dou"

Ouve estes versos que te dou,
eu os fiz hoje que sinto o coração contente
enquanto teu amor for meu somente,
eu farei versos...e serei feliz...

E hei de fazê-los pela vida afora,
versos de sonho e de amor, e hei depois
relembrar o passado de nós dois...
esse passado que começa agora...

Estes versos repletos de ternura são
versos meus, mas que são teus, também...
Sozinha, hás de escutá-los
sem ninguém quepossa perturbar vossa ventura...

Quando o tempo branquear os teus cabelos
hás de um dia mais tarde, revivê-los
nas lembranças que a vida não desfez...

E ao lê-los...com saudade em tua dor...
hás de rever, chorando, o nosso amor,
hás de lembrar, também, de quem os fez...

Se nesse tempo eu já tiver partido e
outros versos quiseres, teu pedido deixa
ao lado da cruz para onde eu vou...

Quando lá novamente, então tu fores,
pode colher do chão todas as flores,
pois são os versos de amor que ainda te dou.

J.G. De Araujo Jorge

"Espera... "

Se tivesse mandado uma palavra: - "espera!"
Sem mais nada, nem mesmo explicar até quando,
eu teria ficado até hoje esperando...
- Era a eterna ilusão de que fosses sincera...

Que importa a vida, o Sol, a primavera,
se eras a vida, o Sol, a flor desabrochando?
Se tivesses mandado uma palavra: - "espera!"
eu teria ficado até hoje esperando...

Não mandaste, tu nada disseste, e eu segui
sem saber que fazer da vida que era tua
procurando com o mundo esquecer-me de ti...

E afinal o destino, irônico e mordaz,
ontem, fez-me cruzar com o teu olhar na rua,
ouvir dizer-te: - "espera!..." E ser tarde demais...

( Poema de J G de Araujo Jorge - in" Festa de Imagens " 1a ed. 1948 )