sábado, 31 de dezembro de 2011


Não, não quero grandes fortunas, casas decoradas de brilho e carros espaçosos,
Não quero jantares caros, grifes que escondem verdades.
Não me importo com as modas, com a etiqueta, com o refinamento,
Não me baseio em tendências.
Quero, simplesmente, o passeio a pé, lado a lado com quem amo,
Observar os detalhes invisíveis aos que passam nos carros,
Quero, sim, o brilho nos olhos da minha namorada quando a tarde saindo,
Vem dar lugar à noite nessa hora sublime.
Não quero desejos recatos, presos nas correntes dos preconceitos.
Quero um passo de cada vez, sem passado e nem futuro, presente em cada gesto, em cada ato.
Quero viver na eterna tensão diária do desconhecido, descuidado e irresponsavelmente  criança; e mesmo assim responsável pelo que fizer de mim ( como adulto).
Quero ser simples como as coisas simples, nada mais que isso. Quero saudades se acaso vierem, quero angústias todas elas, e quero ansiedades, sim, ansiedades futuras. Quero ser controverso e me contradizer em cada nova linha que escrever.
Por favor, não me julguem! Se julgarem, que não me contem, não estou interessado.
Quero, somente, sentar quando tive cansado, em qualquer lugar, sorrir quando tiver vontade, chorar quando preciso, correr em busca de mim mesmo.
Sei de mim tão pouco, sabem de mim menos ainda.
Não quero aplausos, discursos, homenagens, nada disso;
Quero sentar com meu amor e conversar sobre coisas banais e piadas só nossas,
Quero rever nossa história tantas vezes a memória permitir; quero parar o vento no rosto e sentir-me vivo; quero o gosto das bebidas quentes, da água que corre entre os dedos, tanta coisa quero ainda, quem sabe se consigo tudo isso.
Só não quero grandes fortunas, casas decoradas de brilho e carros espaçosos,
Não quero jantares caros, grifes que escondem verdades, isso não quero.










sexta-feira, 30 de dezembro de 2011


De tanto te esperar me fiz paciente
Na demora de vir me fiz descrente
De tanto tatear me fiz perito
Por nunca te achar me demiti
De tanto caminhar conheci o mundo
Por nunca te achar perdi-me nele
Fiz promessas ao vento que te trazia
Nos braços da minha incontrolável imaginação
Cantei, escrevi, sorri para o nada fingindo te ver
De tanto ser teu esqueci meus desejos
De nunca ser teu desejei expirar
No silêncio das ruas, nas noites escuras, na praça, em casa,
Fui anjo da guarda sem ninguém pra guardar
De tanto te guardar me perdi de mim mesmo
De nunca me achar te perdi por inteira
Foi sonho, foi sempre sonho, cobertos com lençóis verdes,
De tanto sonhar, do real esqueci
De tanto esquecer já não sei mais sonhar.







terça-feira, 27 de dezembro de 2011


Porque te escrevo
Se te escrevo reiteradas vezes,
É porque as palavras já não querem ficar comigo e me escapam;
Porque quando me calo, meu sorriso discreto me denuncia.
Porque meus exemplos de beleza passam, obrigatoriamente por você.
Porque quando calada és linda e recitando poesia és apaixonante.
Te escrevo, na tentativa de imortalizar o seu sorriso perfeito,
Escrevo porque assim te compreendo e me compreendo e me surpreendo.
Me surpreendo escrevendo o seu nome em sonetos, livremente nos meus versos;
Escrevo porque já não posso deixar de escrever, é meu ofício.
Escrevo cada poesia em teu nome, e mesmo se ele não aparece nitidamente,
Pode-se lê-lo nas curvas dos versos ( subliminarmente).
São sempre poucas palavras, são palavras simples, são palavras, somente,
Que vão, em sua simplicidade, humildes, trêmulas, beijar o seu rosto de leve.
Escrevo, te escrevo, porque me aproximo de você quando escrevo; escrevo porque quando me abraças as coisas do mundo ganham cores novas, se renovam.
Escrevo e cuidadosamente faço um embrulho e vou te entregar cada nova poesia.
Escrevo e não posso deixar de fazê-lo, é meu desejo, escrevo para o teu enlevo.





domingo, 25 de dezembro de 2011


pensamento
Vai meu pensamento, adianta-se ao sol e encontra-a ainda dormindo,
E se acomoda com jeito pra não acordá-la. Olha acanhado o seu rosto de ninfa que dorme sem pressa com a boca aberta.
Volta pensamento! Mas não demora a voltar e já a encontra sorrindo lembrando-se de uma coisa qualquer e colorindo o silêncio com seu sorriso.
Ah! Meu pensamento chega bem perto e faz brincadeiras com os pezinhos dela e assiste às delícias dos olhos divertidos que ela tem.
Escaneia o corpo dela pensamento, e encontra um detalhe que nunca foi notado e se julga por isso desbravador do teu corpo.
Finge pensamento e esconde suas intenções por um momento, espera que seus pensamentos venham te bater na porta e caminha devagar para abri-la, mesmo reprimindo uma torrente.
De vez em quando, fica calado, fica imóvel, não sai do canto não se transforma em palavras, deixa fique sem voz e se conduza pra qualquer lugar.
Voa depressa pensamento e canta com ela aquela nossa canção preferida, que pergunta o que é a vida.
Meu pensamento não é mais meu, não o controlo, ela sai e volta quando bem quer, e sempre sei para onde ele vai, mas nunca sei quando ele vai voltar.
Meu pensamento encontra os detalhes teus que me encantam, no passo apressado, nas veias do pescoço, nos seus cabelos dourados, na sua pele de musa; no sorrir fácil, na surpresa do simples no sono incontrolável da noite.
Fica com ela pensamento, te faz companhia e não se apresse em voltar eu te compreendo, sou paciente contigo, volta quando quiser.




sexta-feira, 23 de dezembro de 2011


Não sei
Não sei que voz me fala, que me comanda e me manda te encontrar
Não sei que voz me cala a voz quando protesto racionalmente, não sei,
Que força me rasga as pálpebras quando insisto em fechar os olhos diante de ti, não sei,
Que mão invisível me pega na mão e acelera os meus passos pra te encontrar, não sei,
Que chuva hierofanica é essa que me molha por completo com a sua imagem.
Ah! Afrodite! Me poupa dos teus caprichos. Vê, sou fraco não compreendes?
Me esconde os teus segredos, não me revela teu rosto, que não suporto o divino.
Onde será que escondeste a minha liberdade? Que já não sou dono do meu desejo.
Não sei que precipício me subtraiu no seu fundo, não sei que águia me devora o fígado injustamente.
Ah! o não saber dos conflitos e batalhas que se multiplicam na consciência..o não saber,
o que saber e o que fazer.
Não sei o que falar ao certo, se certo ou errado ou incerto, não sei.
Mas, se te vejo, meu caminho é certo, e se desenha na sua direção.
Não sei que força me arrasta o corpo. Mas, que seja, que seja assim sem saber,
Se o prazer que tenho ignora o saber, e se te encontro e sempre multiplico o querer,
que passe assim a vida inteira sem saber o porquê.



terça-feira, 20 de dezembro de 2011


Escuta minha música, escuta minha poesia;
Vem e escuta como elas falam sutilmente dos seus detalhes,
De você, que é minha fonte inesgotável de inspiração...
Peço emprestada a sensibilidade dos grandes poetas para escrever e compor
Vem, não deixa de ouvi-las, são compostas a quatro mãos.
Minhas palavras saem apertadas, trêmulas e cambaleantes e aos poucos vão ganhando confiança, vão se firmando. Escuta minha palavra e o eco que ela produz quando chega aos seus ouvidos, dá morada para elas junto contigo, que elas estariam órfãs sem você.
Confia em mim, sou sincero...
É por você somente que canto e que escrevo, sem isso estará mudo, em silêncio.
As minhas harmonias vão desenhando sua imagem por onde passam, rabiscam o teu nome onde as coloco. Como negar?
Decifro poesia em cada momento que te encontro, em cada pequeno acontecimento me inspiras.
Sai da sombra e te encontrei sorrindo e meu esconderijo hoje está vazio, já não volto pra lá, não tenho parte mais com aquilo.
Tenho refúgio em suas mãos, toques de simples poesias cotidianas, combinadas com  os olhos da esperança, oásis perfeito no deserto do mundo.





sexta-feira, 16 de dezembro de 2011


Te procuro

E como te procuro já nem sei mais.
Nos sonhos, nas noites, nas sombras, te procuro.
Tantos labirintos e vielas, em todas as docas, em todos os cosmos, te procuro.
Nas praças, nas fontes, nas praias, meus olhos vasculham o distante, te procuro.
Te procuro em cada uma com quem estou, procuro os detalhes, a simplicidade,
O toque, o sorriso, os gestos o gosto, te procuro em tudo.
Grande é esse mundo e te procuro sem descanso.
Onde anda a paz do teu sorriso?
Alguém! me conta em segredo o teu destino!
Prometo recompensa...
Te procuro na estrada larga, nas trilhas estreitas, por entre as coisas de tudo,
Te procuro e te procuro.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011


Oração para o sonho

Vem meu sonho, corre depressa,
Se apressa e me encontra com os olhos abertos, se preciso.
Desenha lentamente com suas tintas exclusivas, cada detalhe sublime,
Cada parte de mistério e sensações.
Me atravessa por inteiro, me carrega e me domina, faz de mim seu hospedeiro,
Tranquilamente vai me cobrindo com o lençol da alegria, que sempre me faz sorrir,
Cuida dos meus planos, toma conta e vela o meu sono, e acompanha a minha vigília.
Sê fiel a meus passos, que eles te alcançarão. Me pega nos braços e me embala.
Vem meu sonho, me convida pra sua dança, me mantém como criança,
Com o espanto da primeira vez.
Me mostra o teu leito sereno, convidativo, à sombra, na calmaria.
Lampeja o teu caminho e me assegura sempre nele.
Sonho meu sonho, meu dono, teu convite me comoveu e vou sem pensar,
Transforma as minhas ideias, profundamente meus princípios e meus anseios,
Me mantém firme em teu encalço, não afrouxa o teu nó, paciência comigo meu sonho.
fui ingrato e negligente contigo, mas hoje estou diferente.
Deixa que durma tranquilo e te espere, te espero, não demora,
Venha e me encontra do jeito que for: dormindo ou desperto, vem de qualquer jeito;
Me tira a ânsia da tua espera e transporta-me para seu mundo meu sonho e sonha comigo.










Já vai longe a felicidade,
Agora a pouco estava em minhas mãos...
Passou pelos meus dedos... passou.
Que sensação estranha, de que tudo é sonho, inimaginavelmente real.
Ah! Onde será que ficou caído o meu riso?
Será que alguém distraído o pegou, e vendo que não lhe servia,
Jogou-o por cima de um muro qualquer?
Escuto os meus passos apressados, eles procuram sem olhos uma pista,
Procuram nervosos por não verem, não sabem o que procuram.
Já vai longe a felicidade...
Volto a cabeça pra baixo, não há horizontes;
Riscou como diamante, profundamente o meu mundo,
Fui largo, fui longe.... fui.
Vai felicidade, que tua sina é sempre ir,
Ascende em cada passagem, uma luz branca e cintilante para que creiam em você.
Ataca de surpresa o incrédulo, rasca seu ceticismo e joga-lhes os pedaços na cara.
Ataca e se recolhe, rapidamente vai embora.
Já vai longe a felicidade, a felicidade vai,
Longe...

Eu vou ser aquele que entrará à noite, silenciosamente em teu quarto,
te observo dormindo, tranquila como criança.
Percebe a brisa leve que encontra teu rosto e te acaricia porque estarei nela,
Abre os olhos e enxerga com mais nitidez os detalhes do mundo,
Percebe como andas mais leve, porque te levo pela mão.
Estarei em cada mínimo canto dos teus dias, e te entrego meus versos.
É você a escolhida dos meus sonhos, minha musa de ontem, de hoje e de amanhã.
E cada linha da minha poesia desenhara o teu nome em vários ângulos.
Beberei enquanto me for permitido de tua fonte,
Ao redor dela construirei minha cidade, o meu mundo.
Elevo a minha voz silenciosa da palavra impressa e falo o teu nome na brancura da folha, na folha serena que retém para si os nomes de todas as coisas.
Vou te levar comigo constantemente, os meus te verão em outras,
Os meus passos terão a sua direção.
Presta atenção nos ruídos, nas cores, no burburinho das coisas, nos sussurros incontidos,
Estarei presente neles, e serei calmamente seu poeta, e minha poesia é tua poesia.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011


Minha estrela
E é como se todos nós, em determinado momento na vida,
Fôssemos tomados por uma espécie de bolha, que nos cobre por todos os lados;
Fina camada, porém, suficiente para nos ofuscar e distorcer o mundo.
E, lembro-me, como naquele dia, passaste por mim como uma flecha e, rasgando minha bolha,
Produziu pequena brecha pela qual pude de te ver rapidamente,
E pude ver a vida real, rapidamente.
E naquele dia, as cortinas subiram, e a cera caiu dos meus olhos, e um mundo se apresentou.
O resultado sou eu em metamorfose, em nova película.
Essa passagem foi como uma lanterna intensa, rasgando o escuro.
E te procuro com olhos distantes e imensos, com a mão tateando cada beleza que encontro,
Experimento cada gosto de felicidade.
Aonde é que foi tal flecha cortante,
Que em vão vasculho os caminhos e não encontro?
Onde estará minha estrela do passado, guia sublime dos meus olhos?






domingo, 11 de dezembro de 2011


Tantos caminhos tortos
Tantas rotas em vielas
Caminhos sem sentido.
Tanta lama pela na estrada, tanto espinho na garganta.
Tanta busca incessante, pela fonte esquecida.
Quantas vezes desisti...voltei de onde não fui,
Fui, inexplicavelmente, inúmeras vezes, expulso de onde não tava.
Fui fogo apagado, pegadas na praia.
No passado fui mínimo, tísico...no passado.
E quem me ver agora sóbrio, lúcido...que diferença;
Sol nascente numa estrada infinita...
E tudo de antes vai longe, distante de mim,
Vai como um carro em sentido contrário, um ponto distante;
Todos os dias se afastando mais.
Não piso as mesmas lamas, já tirei o espinho,
Minhas rotas são perfeitas, meus caminhos são retas certas.
E quem me ver hoje...que diferença, que diferença.







sábado, 10 de dezembro de 2011


Desperdício
E me tirou da janela da minha solidão
Rapidamente me vi fora da ostra de mim.
Como um caçador de recompensas,
Profundamente me encontrou e me colheu.
Fui desconectado do meu “ex-mundo”
Me fez diferente, destronou o meu ego,
Fez pouco caso da minha esquadra, das minhas muralhas,
E em uma velocidade súbita, desnorteante, imprudente,
Me vi caminhando de um outro lado,
Totalmente estrangeiro, desconhecido.
Ah! Com que propósito me mostrasse o mundo?
Qual a razão?
E hoje, o que resta daquele de antes é um espectro mofado,
Largado num cesto de roupas qualquer, esquecido.
E fiquei eu novo aqui, carregado de vida,
Atulhado de sonhos,
Como uma cidade sem habitantes, com os bolsos cheios de ouro em um deserto.
O que fazer com tanta vida me deste?
Que desperdício.





terça-feira, 6 de dezembro de 2011


Ideal
Quanto de você não sou eu?
Que te idealizo e vou te construindo em mina cabeça...
Peça por peça, forma e mais formas de te ver.
Quanto desejo adiado, quantos sonhos acordados, tanto anseio;
Os meus planos abortados, meu sorriso amarelado na distancia.
Tantas vezes te esperei, meio sem jeito, na porta de festas,
Todos os delírios de uma angústia calada, abafada por um cobertor espesso.
Ah! Então porque não te ver assim? Que te idealize,
Que seja assim mesmo, que seja pleno, sem remorsos,
Que possa dizer que encontrei alguém perfeita, sim, perfeita,
Ao menos perfeita na minha imperfeição.
Que possa dizer sem medo, que enfim chegaste.
Que me trouxe a felicidade numa caixinha...simples, mas não precisava de mais,
Tinha que ser assim.
E quanto disso tudo não sou eu quem te dá? Que é minha projeção?
Mas que seja assim mesmo, desse jeito mesmo, porque assim é que tem que ser,
Que essas coisas não se explicam.






domingo, 4 de dezembro de 2011


A ilha

Eu já fui uma ilha;

Uma ilha sem habitantes, sem vegetação alguma, deserta.

Já fui opaco, inacessível e impenetrável,

Sim...já fui tudo isso

Mas essa ilha foi colonizada, pouco a pouco, timidamente no início,

Lentamente fui me transformando, em cada detalhe se percebia,

Aqui e ali havia focos da mudança,

Até que, enfim, fui tomado pela vida.

Hoje apenas lembro-me daquele tempo,

De como vivi assim

E acho incrível como na metáfora da ilha,

Serve perfeitamente pra mim.

Fui pouco a pouco sendo mudado por sua presença

Já fui deserto, já fui inacessível e opaco.

E hoje é difícil me reconhecer como aquele.

E quem me ver agora, que diferença!

Vem agora e me veja, veja o que você fez.

Há vida onde eu estou

Sou o resultado inequívoco de você.





















Tudo é silêncio

É tudo tão calmo e respiro profundamente

As imagens se sucedem, tão claras, tão nítidas

Posso até sentir o teu cheiro...ah! que cheiro

É doce o sabor da minha amada

Agora estou só... não sei onde ela está,

Pelo menos fisicamente, não sei onde ela está;

Sei, somente, e por hora é bastante,

Que algo que é dela está aqui, quando a imagino

Poso dizer até que é ela, seus olhos, seu corpo, seu cheiro até eu percebo,

Sim, a tenho aqui comigo, sorrindo, de alguma coisa qualquer.

E vou sorrindo junto com ela e experimento nesse momento

Todas as sensações felizes

Nos teus braços me transfiguro, sou muitos, sou múltiplo,

E todos sedentos, ávidos por te amar.

Você é quem conhece os meus caminhos

É por você os meus acordes, o meu silêncio, a minha poesia

Vou te adorando e me interrogando: Como posso te querer tanto?



















Espera

Estou sentado agora te esperando...

Os momentos que antecedem a sua chegada são instigantes

Imagino a roupa que você está usando, seus cabelos (se presos ou soltos).

Posso imaginar a forma que você anda, seus gestos, seu cheiro...

Sou imediatamente transportado ao teu encontro, como em sonho.

Ah! A sensação de te esperar e poder te imaginar ainda em casa, descendo as escadas,

Tento imaginar no que está pensando agora, enquanto vem.

Talvez, se nunca chegasse, eu ficaria assim sonhando,

Esperando o nosso encontro, assim mesmo, como quem espera uma condução.

Na ânsia que nasce da caixa mental que se abre e denuncia seu conteúdo.

Em poucos momentos estará aqui, já ouço seus passos,

E mais uma vez vai aparecer, então desperto do sonho da espera,

E entro na certeza da chegada.














quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


Certeza
Tão certo quanto à superfície rígida
que eu piso nesse instante
Tão certa quanto à pontaria certeira de um perito
Tão desconhecidamente certo quanto o céu, a imensidão e o espaço (infinito).
Tão certo e sublime e real e nítido
Quanto o vento que despeça, desordenadamente,
Os pedaços de uma folha rasgada
Ou que define direções.
Certo como quem discute consigo mesmo.
Hoje, depois de mergulhado e revirado todas as minhas incertezas
volto à superfície com essa minha única certeza
são incertos meus futuros passos, meu destino, minha música e minha melodia.
É incerta a minha metafísica, meu silêncio, minha voz.
Na verdade, sou quase todo incerteza...quase todo
Certeza de verdade, só tenho uma:
que vou cantar a tua memória, que vou caminhar na sua direção...
que serei o eu mesmo, sem cortes e sem censuras, descontraidamente sussurrando...
baixinho aquela balada.
E no silêncio lento dos dias futuros..nas ruas desertas do destino na frente dos olhos
Quando o esquecimento for tão forte quanto o próprio tempo;
Guardarei a bandeira da minha certeza...hasteada...firme...visível,
Tão certo quanto a firmeza das minhas palavras,
guardarei o seu nome, de todas as máculas...
minha certeza é saber que você é certeza.
Que você passou por mim e deixou-se ficar
Colada, agarrada...e fixa...bem fixa... minha certeza.em mim.












terça-feira, 29 de novembro de 2011


Fico aqui
E eu que fico aqui, sempre aqui...
Com os olhos fixos no horizonte que me escapa
De onde um dia vi sumindo no abismo a minha estrela
E aqui fiquei, com o braço suspenso em gesto largo e o coração estreito
E tanto tempo ali fiquei ainda
Como quem espera o fim de uma farsa
Como quem espera uma gargalhada.
Em vão o apelo de uns olhos tristes
Que negam o real avidamente
Aqui estou agora como estive antes ali
E paro e olho e espero...
Os olhos que enxergam esperanças, os ouvidos que escutam as lembranças,
Na saudade do que foi e ainda é meu
Na extrema oposição do que existe em sensação, e o que foi e é distante...fisicamente
As cortinas se fecharam, o palco adormecido, o show já terminou
E eu, sentado, esperando ainda um novo ato,
Espero ainda o mesmo show
Os olhos pregados no horizonte
Olhos que viajam cada vez mais longe
Quando será enfim que eu vou?
L.

Naquele dia

Se não tivesse saído de casa naquele dia

Se não tivesse cruzado a cidade

Não vencesse a preguiça, a tristeza, o apego à solidão

Se, desatento, não percebesse as luzes, as lanternas, os caminhos...

Se fosse eu mesmo e não me dispusesse a sair

Fosse negligente aos impulsos, ignorasse o chamado

Ah! Se não fosse...

Não teria te encontrado, não teria te conhecido, não saberia de você

Não teria sonhado, nem escrito, nem cantado

Não seria quem sou.

Estaria detido, como uma carro alienado

Que não se negocia.

Seria, se não, sombra do que hoje sou

Porque encontrei vida nos seus olhos

Simplesmente vida.

Mas, felizmente saí, me venci, te encontrei,

Escrevi e cantei (descontraidamente)

Fiz de você minha musa, minha inspiração, meu repouso

Minha certeza absoluta, a “Beatrix”, que Dante jamais sonhou

Te escolhi e te escrevi, por você e por mim

E enquanto a vida me conceder continuarei te escrevendo

Cantando o teu nome...baixinho..para que ninguém escute

Não é preciso que saibam, a mim basta que você saiba

E protegerei teu nome como preciosa lembrança

Para que nunca escape de mim...

e , se algum dia teu nome me escapar

que seja por pouco tempo

e rapidamente o guardo de volta

para que um dia, como aquele dia

possa, talvez, dizê-lo ( baixinho) outra vez olhando pra você

como naquele dia.

L.

Passagem

Passaste por mim como uma eletricidade

Afiada, cortante, inesperadamente;

Por entre os labirintos de fósseis e as cruzes

Pelos alicerces e pelas estruturas metálicas

Passaste com fúria, rachando os pisos,

causando levantamentos geológicos

desorganizando, colocando tudo pelo avesso (enviesando)

E hoje, olho os fragmentos e os cacos que antes fui

Olho-os como se fossem estrangeiros a mim

Olho-os e não me reconheço ali

Olho-os com desconforto

Quem dera que aqueles pequenos “eus” que ali estão

Pudessem ser varridos para debaixo do tapete

Quem dera o “eu” pudesse ser esse novo que surgiu

Que depois de sua passagem abotoou uma nova roupa a saiu decidido pelo mundo

Esse novo é mais sincero, é mais sereno

Esse nasceu daquela passagem, daquela ventania, daquele terremoto

É esse que vou regando, vou alimentando, cuidadosamente

Esse, que sem a sua passagem seria ainda aquele

Que deixei enterrado no caminho.

Para L.

O meu motivo

Já tarde escrevi os meus versos

Faltavam-me motivos, vontade, desejo

Só agora encontrei o motivo, a vontade, o desejo

Sim, o singular motivo dos meus versos

E em cima desse sonho edificarei minhas palavras

Numa arquitetura sublime e única...

Nesse motivo desenharei e construirei meus castelos, meus templos

Decorarei, então, com luzes, pedestais e ornamentos felizes

Para que então o meu motivo entre e se sinta à vontade, se sinta especial como eu o sinto

E permanecerei zeloso na porta do templo,

para que mácula nenhuma venha manchá-lo

e falarei dele com carinho, tanto e de tal modo

que encontrarei descrença na face de quem ouve

e quando enfim, eu já for mudo

quando o tempo me alcançar, na inevitável na angústia de quem vive

o meu templo, o meu castelo, continuará ainda vivo

nos meus versos tardios, na minha voz gravada

vivo e mantendo vivo o meu motivo

motivo dos versos, motivo da vida.

L.