terça-feira, 24 de janeiro de 2012


O meu sorriso é negociável,
A pele com febre, o suor, as lágrimas,
As modificações do dia a dia.
Sinto saudades do meu livre arbítrio,
Das minhas aspirações futuras,
Dos meus segredos mais secretos,
Da minha inconstância juvenil.
Eu sou hoje previsível como o trem de Londres,
Sou cotidiano e facilmente decifrável,
Já vai muito longe os meus impulsos desconhecidos,
Estou hoje domesticado,
E minhas mãos já não têm coragem de segurar as barras de ferro.
Há algo em mim que ainda se rebela num esforço inútil,
Olho-o de lado com indiferença, passo de largo por ele.
O que resta ainda de genuíno em mim?
Talvez uma fotografia antiga, uma lembrança, uma música,
Um pedaço de roupa achado por trás do sofá da sala.
Me deixei de lado, segui um modelo ( o primeiro que apareceu),
E tantas coisas minhas foram curadas com o tempo, ajustadas, lapidadas,
Torcidas e amassadas para caberem no ideal de conduta, que fica difícil me reconhecer nesse de agora.
Passam agora por mim tantas pessoas, carregam nas costas suas juventudes...são livres,
Carregam seus sonhos nas mãos; passam apressadas por mim no meu caminho de volta.




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